terça-feira, 26 de agosto de 2014

Começou a guerra, de verdade


Antes mesmo da primeira corrida da temporada em Melbourne, na Austrália, era muito claro que a equipe Mercedes estava muito a frente dos demais times do grid, muito por conta do seu motor. Como a equipe alemã fabrica seus próprios propulsores, ela levou uma grande vantagem pois pôde projetar o chassi em conformação com as características do motor.

Portanto, os fãs da Fórmula-1 sabiam que mais uma vez haveria uma equipe com um potencial relativamente maior do que as demais, porém, havia uma grande expectativa de uma briga interna dentro da Mercedes pelo título mundial, diferentemente dos últimos quatro anos que foram marcados por uma ampla vantagem de Sebastian Vettel, que tinha como maior rival o espanhol Fernando Alonso sofrendo com os carros decepcionantes da Ferrari. Assim, ficou claro desde o começo que a briga pelo título ficaria mesmo entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton.

Rosberg e Hamilton se conhecem há muito tempo, desde a época em que eles corriam de kart nas competições para iniciantes na Europa. Ambos possuem estilos de pilotagem muito diferentes, o alemão é mais técnico e cerebral, o inglês é mais arrojado e emotivo. Para a Fórmula-1 esse contraste dá uma bela história de ação. Existem vários exemplos desse choque de personalidade e estilo de pilotagem na história da categoria: Lauda/Hunt, Piquet/Mansell e o maior deles, Senna/Prost. No entanto, os dois pilotos afirmavam que a disputa iria acontecer apenas na pista e de forma limpa, não comprometendo a amizade entre eles. Não é bem assim.

As primeiras corridas aconteceram de uma forma mais ou menos esperada, com as duas Mercedes dominando os dois primeiros lugares do grid, tanto nos treinos qualificatórios quanto nas corridas. Após não completar a primeira prova na Austrália vencida por Rosberg em razão de uma falha no motor, Lewis Hamilton encaixou uma sequência de quatro vitórias e alcançou a primeira colocação no campeonato. No GP de Mônaco a disputa começou a ganhar contornos de rivalidade quando Nico Rosberg supostamente causou uma bandeira amarela ao perder o ponto de freada em uma curva, impedindo que Lewis Hamilton completasse sua volta de qualificação. O inglês afirmou que o ato do companheiro de equipe foi proposital.

Não houve nenhum outro conflito entre os pilotos da Mercedes até o GP da Hungria, no qual Hamilton se recusou a obedecer a ordem da equipe para dar passagem ao piloto alemão, que teria de fazer mais uma parada nos boxes. A última corrida, na Bélgica, parece ter sido a gota d'água em uma relação que já vinha sofrendo alguns abalos. O toque de Nico Rosberg em Lewis Hamilton logo na segunda volta não só prejudicou o inglês na corrida como também parece ter colocado fim à já estremecida relação entre os dois e, sem dúvida, fará com que os comandantes da Mercedes passem a controlar o ímpeto de seus pilotos nas corridas seguintes. Apesar da desvantagem de 29 pontos de Lewis Hamilton em relação a Nico Rosberg, o campeonato ainda está em aberto e parece que ficará entre os dois pilotos da escuderia alemã, mesmo com as atuações cada vez mais brilhantes de Daniel Ricciardo, da RBR. Porém uma coisa é certa, a guerra entre Hamilton e Rosberg começou, de verdade.