É inegável a grande transformação pela qual passou a
Williams com o início da nova “Era Turbo” da Fórmula-1. Em 2013 a equipe marcou apenas cinco pontos
durante toda a temporada e amargou a nona colocação no campeonato de
construtores, terminando na frente apenas das nanicas Caterham e Marussia.
Com a inserção dos motores turbo no lugar dos aspirados e
uma faxina geral no quadro de funcionários, a Williams deu um salto gigantesco
de performance, conquistou pódios com certa regularidade e terminou as últimas
duas temporadas na terceira colocação da tabela. Contando com a forte unidade
de potência desenvolvida pela Mercedes, o time liderado por Pat Symonds voltou
a lutar pelas primeiras posições nas corridas.
No entanto, ficou claro desde 2014, o primeiro ano dessa
nova fase na história da Williams, que o carro tinha problemas na parte
aerodinâmica. O carro sofria muito nas pistas de baixa velocidade, em situações
de asfalto molhado então, era um desastre total. Hoje fica mais claro que a
esquadra de Grove não conseguiu acompanhar o desenvolvimento de equipes como
Red Bull, Ferrari e até Toro Rosso. O motor da fabricante alemã já não faz
tanta diferença assim e as equipes do escalão intermediário já estão
incomodando.
A palavra que resume o atual momento da Williams é decepção.
Esperava-se que os ingleses pelo menos encostassem um pouco no ritmo da
Ferrari, mas o que se está vendo é um retrocesso. Tanto é que o próprio diretor
da equipe, Rob Smedley, admite que esperava mais nesse começo de temporada. “Foi
desapontador, já que não estamos nem perto de onde deveríamos estar. Temos
muito trabalho pela frente e precisamos levantar a cabeça para enfrentar esse
desafio”.
Foram disputadas apenas duas corridas nessa temporada, mas esse
início de campeonato indica que uma vitória para a equipe inglesa é um sonho muito
difícil de ser conquistado, mais do que nos últimos dois anos. O
finlandês Valtteri Bottas mostra certa descrença em um triunfo nesse ano. “Não
quero dizer que é impossível (vencer), mas neste momento é muito difícil.
Enquanto a temporada se desenrola, vamos ver como a gente se desenvolve e o
quão próximo podemos chegar”.
E não foram apenas as deficiências do carro em si que complicaram
a vida da equipe. Os pit stops eram lentos
demais e prejudicaram os pilotos em muitos momentos. A equipe diagnosticou o
problema e o solucionou. A razão da demora nas paradas era o cubo das rodas,
que dilatava com o calor e dificultava o encaixe da pistola. No GP da Austrália
desse ano, no entanto, a Williams fez o pit stop mais rápido da corrida, em 2.35
segundos. Mas os perrengues fora da pista não param por aí.
A tomada de decisões do time em relação às estratégias
talvez seja a maior fraqueza da equipe nessas últimas temporadas. A escolha da
estratégia de pneus no GP do Bahrein fez com que Felipe Massa passasse por uma
situação que chegou a ser patética, sendo ultrapassado com enorme facilidade. O
piloto brasileiro chegou a estar na segunda colocação no começo da corrida e
terminou apenas em nono lugar. Simplesmente não fazia o menor sentido andar com
os pneus mais lentos durante quase todo o tempo apenas para fazer uma parada a
menos. Ainda mais se tratando de um circuito extremamente veloz como o de Sakhir.
Com a nova regra dando mais liberdade para os pilotos
escolherem os pneus que irão utilizar durante o final de semana, aqueles que
contarem com uma boa estratégia irão largar na frente. Mas quem errar na mão
levará um grande prejuízo, como vimos acontecer com a Williams na última
corrida.
Se a equipe inglesa quiser voltar a brigar com constância na
ponta do grid, será necessário melhorar a eficiência aerodinâmica do carro e o plano
estratégico das corridas. Imaginava-se antes do início da temporada que a escuderia
de Frank Williams pudesse incomodar a Ferrari e até mesmo a Mercedes em algumas
ocasiões, mas parece que a equipe parou no tempo. E para piorar a situação, quem
antes estava andando atrás está avançando a todo vapor.