sábado, 9 de abril de 2016

Pé no freio!


É inegável a grande transformação pela qual passou a Williams com o início da nova “Era Turbo” da Fórmula-1.  Em 2013 a equipe marcou apenas cinco pontos durante toda a temporada e amargou a nona colocação no campeonato de construtores, terminando na frente apenas das nanicas Caterham e Marussia.

Com a inserção dos motores turbo no lugar dos aspirados e uma faxina geral no quadro de funcionários, a Williams deu um salto gigantesco de performance, conquistou pódios com certa regularidade e terminou as últimas duas temporadas na terceira colocação da tabela. Contando com a forte unidade de potência desenvolvida pela Mercedes, o time liderado por Pat Symonds voltou a lutar pelas primeiras posições nas corridas.

No entanto, ficou claro desde 2014, o primeiro ano dessa nova fase na história da Williams, que o carro tinha problemas na parte aerodinâmica. O carro sofria muito nas pistas de baixa velocidade, em situações de asfalto molhado então, era um desastre total. Hoje fica mais claro que a esquadra de Grove não conseguiu acompanhar o desenvolvimento de equipes como Red Bull, Ferrari e até Toro Rosso. O motor da fabricante alemã já não faz tanta diferença assim e as equipes do escalão intermediário já estão incomodando.

A palavra que resume o atual momento da Williams é decepção. Esperava-se que os ingleses pelo menos encostassem um pouco no ritmo da Ferrari, mas o que se está vendo é um retrocesso. Tanto é que o próprio diretor da equipe, Rob Smedley, admite que esperava mais nesse começo de temporada. “Foi desapontador, já que não estamos nem perto de onde deveríamos estar. Temos muito trabalho pela frente e precisamos levantar a cabeça para enfrentar esse desafio”.

Foram disputadas apenas duas corridas nessa temporada, mas esse início de campeonato indica que uma vitória para a equipe inglesa é um sonho muito difícil de ser conquistado, mais do que nos últimos dois anos. O finlandês Valtteri Bottas mostra certa descrença em um triunfo nesse ano. “Não quero dizer que é impossível (vencer), mas neste momento é muito difícil. Enquanto a temporada se desenrola, vamos ver como a gente se desenvolve e o quão próximo podemos chegar”.

E não foram apenas as deficiências do carro em si que complicaram a vida da equipe. Os pit stops  eram lentos demais e prejudicaram os pilotos em muitos momentos. A equipe diagnosticou o problema e o solucionou. A razão da demora nas paradas era o cubo das rodas, que dilatava com o calor e dificultava o encaixe da pistola. No GP da Austrália desse ano, no entanto, a Williams fez o pit stop mais rápido da corrida, em 2.35 segundos. Mas os perrengues fora da pista não param por aí.

A tomada de decisões do time em relação às estratégias talvez seja a maior fraqueza da equipe nessas últimas temporadas. A escolha da estratégia de pneus no GP do Bahrein fez com que Felipe Massa passasse por uma situação que chegou a ser patética, sendo ultrapassado com enorme facilidade. O piloto brasileiro chegou a estar na segunda colocação no começo da corrida e terminou apenas em nono lugar. Simplesmente não fazia o menor sentido andar com os pneus mais lentos durante quase todo o tempo apenas para fazer uma parada a menos. Ainda mais se tratando de um circuito extremamente veloz como o de Sakhir.

Com a nova regra dando mais liberdade para os pilotos escolherem os pneus que irão utilizar durante o final de semana, aqueles que contarem com uma boa estratégia irão largar na frente. Mas quem errar na mão levará um grande prejuízo, como vimos acontecer com a Williams na última corrida.

Se a equipe inglesa quiser voltar a brigar com constância na ponta do grid, será necessário melhorar a eficiência aerodinâmica do carro e o plano estratégico das corridas. Imaginava-se antes do início da temporada que a escuderia de Frank Williams pudesse incomodar a Ferrari e até mesmo a Mercedes em algumas ocasiões, mas parece que a equipe parou no tempo. E para piorar a situação, quem antes estava andando atrás está avançando a todo vapor.


sexta-feira, 1 de abril de 2016

O adeus do samurai?



Muito se falou sobre uma nova hegemonia da McLaren após o anúncio da parceria com a Honda. As imagens das vitórias de Senna e Prost com o carro vermelho e branco voltaram no imaginário do universo da Fórmula-1. Mas o que se viu no ano passado foi algo bem diferente de troféus e glórias para a equipe de Woking. Apesar de ter demonstrado melhoras significativas, não dá para esperar muita da McLaren esse ano também.

A grande pergunta a ser feita neste momento é quando a equipe terá condições de voltar a brigar por vitórias e disputar títulos. E não tem ninguém mais interessado na resposta pra essa pergunta do que Fernando Alonso. O espanhol deixou a Ferrari no final de 2014 em busca de um carro que pudesse lhe dar condições para alcançar o tão sonhado tricampeonato. Que o asturiano é apaixonado pelo que faz e possui um talento gigantesco, não há dúvidas. Porém, até quando ele irá esperar pelo salto de qualidade da McLaren-Honda?

Com 34 anos de idade e dois acidentes graves nos últimos dois anos, não seria espantoso se Alonso decidisse fazer as malas e se despedir da Fórmula-1. Talvez o grande fator que pode contribuir para a permanência do espanhol na categoria seja as mudanças no regulamento em 2017, que poderão dar uma mexida no atual cenário de força das equipes.

Apesar de declarar em diversas ocasiões que acredita plenamente no sucesso do projeto McLaren-Honda e dizer que sua escuderia é a única capaz de bater a Mercedes, Alonso parece estar cansado de nadar a duras braçadas e morrer na praia. Pode ser que esse projeto dê muito certo, mas não há sinal algum que isso irá ocorrer tão cedo.

É uma lástima muito grande ver um piloto com o talento que possui Fernando Alonso brigar por posições no meio do pelotão quando poderia muito bem estar disputando títulos com uma equipe de ponta. Mas vale ressaltar que a decisão de romper com a Ferrari partiu do espanhol, escolha essa que se mostra errônea até o momento, haja visto o desempenhos dos italianos na última temporada e o perrengue que os ingleses estão enfrentando.

Gostaria muito de saber o está se passando na cabeça de Fernando Alonso nessa altura do campeonato. Será que o bicampeão já se cansou de lutar e está deixando o campo de batalha em que venceu várias guerras ou esse aparente conformismo é apenas a tranquilidade de saber que sua hora irá chegar?